segunda-feira, 30 de março de 2015

História da Bicicleta

Vários blogs já se dedicaram a contar a história da bicicleta, mas estou também me dedicando a contá-la aqui por ter feito um levantamento entre as publicações dos blogs e achei necessário reunir essas informações e compartilhá-las. Segue o que foi encontrado e estudado no que concerne à história da bicicleta:

Alguns historiadores consideram que na década de 1490, foi criado um desenho por Leonardo da Vinci e que este seria um dos mais antigos indícios de desenho de bicicleta (não foi considerado o contexto oriental, uma vez que não foi encontrado material suficiente).


Desenho "de" Leonardo da Vinci.



Todavia, acredita-se que este desenho tenha sido uma fraude realizada por monges italianos. Acredito mesmo se tratar de fraude, pois esse desenho já conta com pedais, corrente e direção, o que é muito avançado para a época, e seria como uma visão do futuro sobre o que viria a se tornar uma bicicleta. O percurso de desenvolvimente da bicicleta foi pensado ao longo do tempo e mediante experimentação. Como diz-se que esse desenho não foi testado, acredito ser mais um indício de fraude...
Mas o que considerei, em vista do levantamento realizado, foi a seguinte evolução:
Celerífero (1790)  criado pelo conde francês J.H. de Civrac (Paris); Esse modelo foi considerado o primeiro veículo mecânico para o transporte individual e seus componentes eram apenas duas rodas e uma base, em madeira. Não tinha direção, então o veículo andava só em linha reta.

Celerífeto (1790)

Com algumas alerações, o alemão conhecido como Barão Von Drais - Engenheiro Florestal cujo nome verdadeiro era Karl Friedrich Ludwing Chiristian Sauerbronn, cria o modelo chamado Draisiana (1817).
Este veículo é também em madeira, mas foram adicionados freios e jogo de direção, o que o torna dirigível (mudança de direção e não só em linha reta);
Com a draisiana, podia-se atingir até 15 km/h.

Draisiana (1817)

Em 1838, o ferreiro escocês Kirkpatrick Mac Millan adapta ao eixo traseiro duas bielas (as bielas servem para trasmitir ou transformar o movimento retilíneo alternativo em circular contínuo), ligadas por barras de ferro. Estas duas barras tinham a função de um pistão e eram acionadas pelos pés, o que provoca o avanço da roda traseira. Essa invenção foi um protótipo dos pedais, mas Mac Millan não patenteou o invento. Esse modelo ficou conhecido como Biciclo Mac Millan.

Biciclo Mac Millan

Pierre Michaux, francês, profissional da forja e do ferro, foi considerado o inventor dos pedais em 1860. Michaux adapta os pedais à roda dianteira e aumenta também um pouco, o diâmetro desta roda. Seu invento ficou conhecido como velocípede. Michaux obeteve a concessão do Governo Francês em 1865, autorizando-o a montar a primeira fábrica de bicicletas do mundo: A “Biciclos Michaux” (importante deixar claro que era ainda uma produção praticamente artesanal);
A Biciclos Michaux consegue fabricar 142 unidades em 1 ano;
No entanto outras fontes citam que a primeira fábrica de bicicletas foi a francesa Clement, fundada em 1878 (SCHETINO, 2008, p.59).

Biciclo Michaux

O inglês James Starley repensa o Biciclo Michaux e acaba criando um modelo completamente diferente: O velocípede Grand-Bi. Esse velocípede é foi construído  em aço, com roda raiada, pneus em borracha maciça e um sistema de freios inovador. Sua grande roda dianteira, de 50 polegadas (125 cm), fazia dele, a máquina de propulsão humana mais rápida até então fabricada - Como os pedais são fixos ao eixo da roda, quanto maior o diâmetro da roda maior é a distância percorrida em cada giro desta, portanto maior a velocidade alcançada em cada pedalada.
Aparecem também triciclos e quadriciclos, veículos mais sofisticados, mais seguros e que permitiam um uso sem a preocupação de uma condução esportiva, quase obrigatória em bicicletas e principalmente biciclos. A industria alcançava assim uma população mais idosa ou sedentária. Os triciclos e quadriciclos tomaram o gosto da população mais abastada, já que qualquer opção movida por tração animal demandava muito espaço e trabalho de manutenção. Os novos veículos movidos a propulsão humana eram limpos, exigiam pouca manutenção e podiam ser guardados até dentro de casa.


Velocípede Grand-Bi



Quadriciclo

O tamanho exagerado dos velocípedes acabava por gerar vários acidentes, alguns fatais. Era comum também que os animais das carroças e charretes ficassem assustados com esses novos veículos o que gerava algumas confusões nas cidades. Com essa nova situação que se configurava, em 1862, as autoridades de Paris criam caminhos especiais para os velocípedes nos parques. Surgiram, assim, as primeiras ciclovias.
Os biciclos de rodas grandes geravam muita insegurança, pois o condutor pedalava sentado praticamente sobre o eixo da roda dianteira e a altura do selim era demasiado alta, e numa frenagem brusca, lançava o condutor por cima e a queda era perigosa. Na última década do século XIX começa então o declínio dos biciclos de roda grande e o fortalecimento das bicicletas de segurança, em que as duas rodas passam a ser de mesmo tamanho e o ciclista pedala entre elas.
Com as rodas de tamanho iguais, decorre a padronização e simplificação dos processos de produção, acarretando por conseguinte, na redução do preço final. Com a variação do tamanho da coroa na dianteira e do peão na traseira, a força aplicada ao pedal rende muito mais a cada pedalada por conta do sistema de corrente.
Tudo isto transforma a bicicleta em um modo de transporte simples, eficiente, mais seguro, confortável e barato que o biciclo. As bicicletas de segurança também, acabam por se tornar um veículo de transporte em massa. 

Bicicleta de segurança - Humber (1884) - Quadro trapezoidal.



Rover Safety Bike (1885) - Quadro diamante e transmissão por corrente.

Em 1888, é visto pela primeira vez, quadros adaptados para mulheres. O uso das bicicletas pelas mulheres foi tema de artigo publicado por André Schetino. Segundo o autor, o discurso médico e a população, viam com maus olhos a mulher na bicicleta, apontado que elas poderiam ter suas funções de reprodução limitadas, e que tiravam prazer sexual com o contato das genitálias com o selim.

No Brasil, à época do Império, era necessário ir até a Europa para adquirir uma bicicleta.
Segundo Schetino (2008), em 1888, as bicicletas já podiam ser alugadas no Club Guanabarense, situado na Praia de Botafogo, no Rio de Janeiro. O mesmo autor aponta que em 1892, o Bellodromo Nacional oferecia o serviço de aluguel de bicicletas por 1$ a hora. Oferecia também lições de velocipedia com um professor em 3 lições.
A importação de 18 novos velocípedes pelo porto do Rio de Janeiro em 1892, teve cobertura da imprensa, dada a novidade desse intrumento tecnológico.
É contado também que em 1894, o comerciante imigrante francês, Emile Lambert, proprietário de uma loja de produtos especializados na Rua do Ouvidor, torna-se o primeiro representante das Bicyclettes Clement no Brasil.
Portanto, foi com o início das importações, o aumento do número de bicicletas de segunda mão e o aluguel de bicicletas, que cada vez mais pessoas passou a conhecer e a se envolver com esse novo invento no Brasil. Mas diferentemente de alguns países europeus, o Brasil não viu na bicicleta, um veículo de transporte eficiente e mitigador dos problemas urbanos... assunto que será levantado em postagens que se seguirão.

Referências:

SCHETINO, André Maia. Pedalando na modernidade: a bicicleta e o ciclismo na transição do século XIX para o XX. Rio de Janeiro: Apicuri, 2008.
http://www.museudabicicleta.com.br/museu_hist.html;
http://www.bbc.co.uk/history/historic_figures/macmillan_kirkpatrick.shtml
http://hid0141.blogspot.com.br/2012/03/historia-da-bicicleta.html
http://www.escoladebicicleta.com.br/historiadabicicleta.html
http://ciclominas.esportes.mg.gov.br/hoje-e-dia-do-pierre-lallement-inventor-da-bicileta/
http://www.mudsweatngears.co.uk/page_2473200.html

terça-feira, 3 de março de 2015

Dobráveis - na guerra e na paz

Talvez muita gente ainda não saiba, mas as bicicletas dobráveis não são invenção deste século. Foi no final do século XIX, que o exército francês e de outros países como a Itália, criaram bicicletas dobráveis para equipar seus exércitos de infantaria. As bicicletas desempenharam parcialmente o papel de cavalos na guerra. 
Foi publicado na Revista Bicicleta (Nº 20, Ago/Set de 2012), que atualmente o exército norte americano mantém uma brigada de infantaria e outra de paraquedistas, equipadas com bicicletas Montague Paratrooper dobráveis. 


A dobrável Paratrooper foi desenvolvida pela empresa Montague, e comercializa a bicicleta também para uso civil. No site http://mtbbrasilia.com.br/2014/05/27/montague-paratrooper-a-bike-oficial-do-exercito-dos-estados-unidos/ , encontrei algumas explicações sobre esta bicicleta: ela é equipada com um amortecedor dianteiro Suntour XCT V4, com 80 mm de curso e transmissão  Shimano de 24 velocidades. O quadro é construído em liga de alumínio 7005, com cinco camadas de pintura especial sem a assinatura de calor, o que impede sua fácil detecção por equipamentos de visão noturna. Ela pesa 13 quilos e sua capacidade de carga é de 34. Seu design permite a utilização em qualquer tipo de terreno em alta velocidade e silenciosamente, podendo ser dobrada em menos de 30 segundos, e pode ser fixada à mochila do paraquedista. 


Essa bicicleta dobrável usada pelo exército parece ser ideal para quem gosta de atingir maiores velocidades ou passar por terrenos mais acidentados. 
Mas nem só para a guerra essas bicicletas são práticas: As bicicletas dobráveis estão cada vez mais presentes no cenário urbano. Cresce o número de usuários das dobráveis que contam em BH com vários grupos, sendo que nesse carnaval, a cidade contou com o Bloco Dobrável ( saiu no dia 14/02 da Praça Floriano Peixoto), que reuniu os foliões adeptos desse modelo de bicicleta.
As dobráveis são muito práticas para quem percorre longas distâncias nos seus deslocamentos cotidianos, pois permite que o ciclista utilize também outros meios de transporte para chegar ao seu destino: Basta dobrar a bike e entrar com ela no ônibus ou metrô e desdobrá-la para percorrer de bike o restante do caminho. Dessa forma, se por exemplo o ciclista quer andar em um determinado local distante e não tem fôlego ou coragem para percorrer o caminho até lá, pode pegar uma caroninha com outro veículo de transporte.

B'twin hoptown 5

B'twin hoptown 5 - dobrada


Além dessa ampliação de possibilidades, a dobrável é indicada também para quem tem pouco espaço em casa para guardar a bike ou para quem não pode contar com bicicletários seguros no local de destino (já que ela dobrada ocupa pouco espaço, pode ser levada com a própria pessoa ou ser guardada em um cantinho do escritório).
Quanto às melhores marcas de dobráveis, acredito que variam muito e é importante fazer uma pesquisa das peças que compõem a bike, além de testar o conforto e conversar com pessoas que as utilizam! 
Não tenho indicações de marcas para fazer porque não sou usuária desse modelo de bike. Mas achei um blog legal com o relato de uma pessoa que passou pela fase de busca desse tipo de bike em BH, então quem quiser ver a opinião do camarada segue o link: http://trilhasmtb.com/2012/01/04/relatos-de-uma-bicicleta-dobravel-em-bh-parte01/