sexta-feira, 19 de setembro de 2014
Bloco da Bicicletinha - África
Hoje foi a primeira vez que participei do Bloco da Bicicletinha. O tema festivo de hoje foi África.
Aproveitei um vestido bem colorido que minha mãe havia feito há um tempo e que só havia usado uma única vez. Coloquei um turbante na cabeça, brincos de chifre (perdoem-me os veganos mais restritos) e uma maquiagem bem vibrante. Estava a caráter. Decidi participar mobilizada primordialmente pela programação da semana da mobilidade, que em Belo Horizonte começa hoje com o bloco. Minha bicicleta estava na casa de um amigo e colega da associação BH em Ciclo, que me fez a gentileza de a deixar desde a última Massa Crítica. Foi uma mão na roda! Afinal o bloco sairia da Praça da Liberdade, distante 10,2 km da minha casa, de acordo com o google maps. A casa do Augusto, o amigo citado acima, foi ponto de encontro para que eu Thaís, Júlia e Fernanda pudessemos pegar as bicicletas que lá estavam guardadas, para ir ao bloco. Depois de tudo pronto seguimos em direção à praça, encontramos um folião no caminho, e seguimos os seis até o ponto de encontro. Deixando de lado os empecilhos do caminho (motoristas apressados em ruas estreitas e carros estacionados nas calçadas), a chegada foi uma alegria. Muita gente, não sei exatamente quantas, mas ao que minha visão calculou aproximadamente 100-120 pessoas, quase todas vestidas a caráter, tomando suas cervejas, fumando uns cigarros (alguns recheados de ervas)com música temática. As pessoas conversavam entre si, algumas pareciam ter ido em grupos, mas o clima estava contagiante. Estava tão alegre que demorou para o ânimo descer às pernas e começarmos a pedalar, o que se estendeu por volta das 22h. Passeio iniciado. Como de costume, "atrasamos" o trânsito da praça da liberdade até a praça da Savassi, que foi completamente "paralisada"(em aspas pois não estávamos parados, mas circulando pelo cruzamento) pelos ciclistas. Alguns minutos foi o suficiente para que alguns motoristas ficassem nervosos e tentassem avançar. Mas queríamos mais, liberamos o cruzamento e continuamos o percurso, mas não por muito tempo. Paramos na esquina da Getúlio Vargas com Afonso Pena por um tempinho considerável, pois o som precisava ser recarregado. Os ciclistas permaneceram animados, tomando suas cervejas, alguns acendendo seus cigarros, outros relembrando letras de músicas, e um skatista cantando um rap/funk animando o pessoal. Estava ficando tarde, eu precisava decidir se iria embora e arriscar entrar com a bicicleta no ônibus ou no BRT, ou se contaria mais uma vez com o apoio do Augusto, e ficaria mais um pouco e deixaria minha bicicleta em sua casa. Enquanto eu não me decidia, ia curtindo ver o pessoal, olhar suas vestimentas, observá-las, curtir o rap/funk que foi mesmo muito engraçado, pois o menino parecia estar já muito bêbado e com uma voz bem engraçada. O bloco partiu e minha duvida seguiu. Até que próximo à Av. Brasil o bloco parou de novo e um menino (que eu conheci na última Massa Crítica)se aproximou. Conversa vai conversa vem, transpareci minha preocupação e indecisão ( se sairia do bloco e arriscaria entrar no ônibus com a bicicleta) e ele me ofereceu companhia até o ponto. Pronto! Decidi que iria arriscar pegar o ônibus, pois a parada do bloco parecia que iria se delongar e com companhia tudo ficaria mais fácil. Partimos eu e ele para a Alfredo Balena. Antes de chegar, avistei meu ônibus na esquina. Falei que iria tentar pegá-lo. Demos um gás absurdo, consegui falar com o motorista que parou no sinal em frente ao Parque Municipal. Perguntei-lhe se poderia colocar minha bike no ônibus ele disse que sim. Falei que iria para o próximo ponto. Nunca pedalei tão rápido (exceto quando houve troca de tiros ao meu lado)! Chegamos na Av. Augusto de Lima em segundos, mas o ônibus não esperou. Desisti de pegá-lo esperei o próximo. Passados cerca de quinze minutos, o próximo ônibus apareceu, parou e ao perguntar se poderia me levar com a bicicleta o motorista fez cara de desgosto. Pedi humildemente para que ele fizesse esse favor e , mesmo contrariado, cedeu. Meu conhecido colocou-a dentro do ônibus para mim. Estava vazio. Sómente eu de passageira. A viagem seguiu, eu ainda tentando encaixar a bike para não atrapalhar a passagem, no próximo ponto entra um casal. Perguntei se minha bike estava incomodando, fizeram um não com a cabeça. Passaram olhando a bike com uma carinha feliz, ao que gosto de interpretar como: "Que bicicleta fofa!" Sim, minha bike é fofa, tem cestinha com flores e bagageiro rosa! A trocadora desceu de sua cadeira para pegar o dinheiro da passagem e fez o mesmo para devolver o troco. Uma gentileza só. Trocamos idéia. Ela me perguntou se eu conhecia a Holanda, disse que lá as ruas são melhores pra bike do que pra carro. Disse que não conheço (infelizmente), mas sei da fama. Ela achou que eu fosse holandesa, pois nunca tinha visto no Brasil, uma menina de vestido e bicicleta (eu tinha shorts por baixo, claro)na rua. Descobri que temos muitos em comum, assim como eu ela também gosta de bike, patins e escalada! Foi uma viagem deliciosa (tirando o empecilho de segurar firmemente a bike para ela não cair em decorrência da velocidade com que o ônibus trafegava). Cheguei em casa segura e feliz. Foi um passeio delicioso e como cada dia sempre proporcionando experiências novas! Gostaria apenas de não precisar contar com a boa vontade dos motoristas sempre, pois meu desejo é que as facilidades para que eu usasse a bicicleta fossem maiores e mais eficientes...
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